Comércio Ribeirinho da Cidadania e Solidário

Tecnologia Social criada pela ASPROC em 2009, que reflete o modo de vida singular das famílias, pautado na vida em comunidade, na organização e comercialização sustentável da produção, sem exploração, com participação e controle social, além de se basear no associativismo e na economia solidária.

O Comércio Ribeirinho da Cidadania e Solidário foi criado com o objetivo de organizar e comercializar a produção agroextrativista dos ribeirinhos do Médio Juruá, na própria comunidade, e viabilizar o acesso à alimentos industrializados e outros bens e serviços para segurança alimentar e social, onde as famílias recebem preço justo pela produção.

As famílias adquirem os alimentos ao preço da cidade, a despeito das dificuldade de acesso e distâncias entre as comunidades à sede do município, que varia entre 12 e 50 horas de viagem em barco regional, os resultados tem crescido a cada ano.

Impactos

  • Mais Segurança Alimentar e Social com a maior capacidade de suprimento das necessidades das famílias agroextrativistas, oportunizando o acesso a bens e serviços que contribuem para o bem estar nas comunidades ribeirinhas;
  • Mais poder compra das famílias agroextrativistas e melhoria da qualidade de vida nas comunidades;
  • Crescimento da economia na região do Médio Juruá com a maior capacidade do Comércio Ribeirinho receber a produção trazida pelas famílias, especialmente das cadeias produtivas da Sociobiodiversidade;
  • Mais acesso à informação e comunicação entre as comunidades e sede do município;
  • Mais sustentabilidade do modelo de economia solidária e associativismo das comunidades ribeirinhas do Médio Juruá;
  • Ampliação da capacidade de melhor atender as famílias com o abastecimento das cantinas e de comercialização da produção.
 

 

Conceito

Arranjo em torno da produção e comercialização do ribeirinho – indivíduo que produz, vende, compra e troca o que precisa para viver, sem explorar ou ser explorado – cria uma rede de cooperação autogestionária, justa e solidária que viabiliza a geração de renda na comunidade.

Problema solucionado

  • No Médio Juruá, as comunidades ribeirinhas enfrentam isolamento devido às grandes distâncias geográficas, com viagens de até 52 horas de barco. Além de enfrentar:
  • Os altos custos e de tempo necessário para escoar a produção
  • Pesca predatória, caça comercial e extração ilegal de madeira
  • Falta de estrutura, planejamento e mercado local resultava em produção de baixa qualidade e comunicação precária, agravando a vulnerabilidade dessas comunidades.

Implementação



  • Organização coletiva – Definição de produtos prioritários e parcerias para dividir custos.
  • Capacitação – Treinamento de comunitários para gestão e operação do sistema.
  • Estrutura – A região foi dividida em 13 polos, cada um com um entreposto equipado (rádio, computador, painel solar) e dois gestores locais.

Funcionamento

  • A região foi dividida em 13 polos com entrepostos comunitários, onde dois comunitários capacitados realizam a compra da produção e a venda de mercadorias industrializadas. As mercadorias são adquiridas em Manaus e distribuídas aos entrepostos por barco, em viagens trimestrais.
  • A produção dos ribeirinhos é recebida nos entrepostos, registrada, paga e armazenada. Depois, é transportada para o polo sede em Carauari, onde ocorre a venda final ao público. Mensalmente, os entrepostos prestam contas para garantir o bom gerenciamento do comércio.

Recursos necessários

Os recursos materiais necessários são:

– um entreposto de comercialização (50 m2);

– uma embarcação regional;

– uma mesa e duas cadeiras;

– um computador e uma impressora (opcional);

– um rádio fonia com painel solar (caso não exista outro meio de comunicação).

Resumo dos resultados

  • 500+ famílias ribeirinhas agora vendem sua produção localmente, evitando viagens de até 52 horas (agora só 100 minutos até o entreposto mais próximo).
  • Preços caíram pela metade (de R$ 100 para R$ 51), dobrando o poder de compra das comunidades.
  • Redução da degradação ambiental – Fim da caça ilegal, pesca predatória e desmatamento, com foco em produtos sustentáveis (látex, sementes, manejo do pirarucu, agroecologia).
  • Capacitação – 28 gestores, 12 diretores e 417 famílias treinadas em produção e gestão.
  • Expansão – Cresceu de 5 para 13 entrepostos, com barcos para transporte de carga.
  • Resultado: Melhoria na qualidade de vida e desenvolvimento sustentável na região.