Do Médio Juruá ao Acre, ASPROC compartilha tecnologias sociais que transformam o acesso à água na Amazônia em áreas remotas.
Com trajetória reconhecida na implementação de tecnologias sociais no coração da floresta, a Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC) marcou presença no Encontro Acesso à Água no Contexto de Mudanças Climáticas, realizado entre os dias 16 e 18 de julho, em Alter do Chão (PA). A entidade foi destaque nos painéis sobre tecnologias sociais e inclusão produtiva, apresentando a experiência do programa Sanear Amazônia, que leva acesso à água potável e saneamento básico a comunidades extrativistas da região do Médio Juruá (AM), uma das áreas mais isoladas da Amazônia.

Promovido pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o encontro reuniu gestores públicos, pesquisadores, ribeirinhos, extrativistas, povos tradicionais e beneficiários de programas sociais para debater os desafios do acesso à água segura em uma região que concentra a maior disponibilidade hídrica do país — e, paradoxalmente, sofre com a escassez em muitas comunidades.
Representada pelos técnicos Roziane Moura e Daniel Olentino, a ASPROC integrou duas mesas de debate. No painel “Tecnologias sociais de acesso à água”, Roziane relatou os aprendizados, desafios logísticos e estratégias de adaptação do Sanear Amazônia em territórios ribeirinhos. Já no painel “Água e inclusão produtiva rural: o papel das entidades executoras”, Daniel destacou o papel da sociedade civil organizada como agente fundamental na promoção do direito à água e da justiça climática na Amazônia profunda.
Sua missão inclui a atuação em mais sete territórios — quatro no Amazonas (Manicoré, Fonte Boa, Tefé e Boca do Acre) e três no Acre (Sena Madureira, Alto Tarauacá, Jordão e Cruzeiro do Sul). Portanto, o maior desafio consiste no processo de escuta realizado nos locais por onde passam.
Um dos maiores desafios da ASPROC no processo de implementação atualmente é que a organização não atua somente na região do Médio Juruá. Sua missão inclui a atuação em mais sete territórios — quatro no Amazonas (Manicoré, Fonte Boa, Tefé e Boca do Acre) e três no Acre (Sena Madureira, Alto Tarauacá, Jordão e Cruzeiro do Sul). Portanto, o maior desafio consiste no processo de escuta realizado nos locais por onde passam.
“A gente entra em um território que não é nosso. Temos expertise de onde já trabalhamos, mas nosso maior desafio é firmar parcerias e realizar esse processo de escuta com a comunidade e as associações locais. E isso, nas duas etapas, a gente vem enfrentando a cada dia. Precisamos das organizações que atuam em cada região, sejam reservas ou territórios indígenas. Se não tivermos a colaboração desses elementos, não temos como realizar um bom trabalho. O orçamento e a logística também são pontos desafiadores. Estamos aceitando o desafio que é trabalhar no Acre. Os rios são estreitos. Outro desafio é o pós: quem vai fazer a manutenção depois é a própria comunidade. Mas isso também perpassa pela organização, porque infelizmente, se ela não existir, quando a gente voltar daqui a cinco anos, por exemplo, nada vai mais estar de pé”, relatou
Fomento Rural
O técnico Daniel Olentino participou da segunda mesa sobre a experiência da ASPROC com o SAFISP, o Serviço de Acompanhamento Familiar para Inclusão Social e Produtiva, que é um pacote de assistência técnica e um recurso para o fortalecimento de projetos produtivos que alguns beneficiários do Sanear Amazônia possam acessar. Foi iniciado com um percentual de 30% de famílias para que a política pública possa ser aplicada em 100% nos próximos editais.
“No Amazonas, a ASPROC atua hoje em três territórios: na Flona de Tefé, na Resex Alto Juruá, em Fonte Boa, e também na Resex Cazumbá-Iracema, no Acre. No contexto do fomento, realizamos uma dinâmica para compreender os sonhos e aspirações produtivas dos beneficiários. Isso faz muita diferença, tanto para o sustento das famílias quanto para a conservação da floresta. Não é possível definir de antemão qual será o projeto ideal em cada localidade — por exemplo, propor a produção de farinha em uma comunidade onde nem todos têm aptidão para isso. Há quem prefira criar pequenos animais, como galinhas, ou mesmo oferecer serviços, como cortar cabelo ou revender produtos. Por isso, é fundamental ouvir as pessoas e respeitar suas vocações e realidades locais”, explicou.
Além da ASPROC, o seminário contou com a participação de outras organizações executoras parceiras, como o Memorial Chico Mendes, Instituto Vitória Régia (IVR), Associação de Desenvolvimento Agrícola Interestadual (ADAI), Instituto Desenvolver e Associação de Mulheres do Baixo Cajari (AMBAC), que também apresentaram experiências de implementação de tecnologias sociais para o acesso à água.
Dia 1: 16/17/2025
Dia 2: 17/07/2025
Sobre a ASPROC
Com mais de 30 anos de atuação no Médio Juruá (AM), a Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC) é referência em soluções sustentáveis desenvolvidas a partir das necessidades e saberes das comunidades ribeirinhas. A organização reúne e mobiliza mais de 800 famílias extrativistas, promovendo a comercialização justa de produtos da sociobiodiversidade, como o pirarucu de manejo e o açaí nativo, além de desenvolver projetos nas áreas de acesso à água, saúde, educação, energia e adaptação climática.